quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Poesia de Quinta

Enquanto isso, curtam Deila Maia, em sua Poesia de Quinta.

PROJETO POESIA DE QUINTA - NÚMERO 17

ALMA LUSITANA

Por Deila Maia

A Poesia de Quinta vai nos fazer viajar, poeticamente, pelas águas de além mar...

Não existem fronteiras no mundo de poesia. O poeta de "Alma lusitana" não é português, de nascimento, mas soube retratar muito bem o espírito de Portugal. Suas palavras se concretizaram naqueles curiosos momentos em que estamos entre o sono e a vigília, o consciente e o inconsciente...

A data da poesia também me chamou a atenção... O autor deste belo poema é o dr. João Batista Ericeira, que é o meu querido diretor da ESA (Escola Superior de Advocacia) da OAB/MA.

Eu não conhecia sua lavra poética. Só a jurídica e jornalística. Mas assim que vi este lindo poema, não resisti e gostaria de compartilhá-lo com meus queridos companheiros de jornada poética do Poesia de Quinta. Espero que gostem também.

ALMA LUSITANA
João Batista Ericeira (20/02/2002)

Trago n´alma o fado da tristeza
Um Portugal de mágoas, de paixões.
O mar de ilusões desabrochadas
No finito-infinito d´amplidão
De todos os azuis.

Pará: território social do mundo


David Stang no Fórum Social Mundial


Caros e caras internautas do Ecos,

Tem sido difícil parar para postar, como prometi, as informações sobre o Fórum Social Mundial (FSM). Estou aqui em Belém (PA) - com recursos próprios, curtindo as minhas merecidas férias do jeito que mais gosto: ao lado das lutas porque acredito que um Outro Mundo é Possível.

É a nona edição do Fórum Social, das quais participei de todas realizadas no Brasil, desde 2001. Mas num espaço com tantas pessoas, tantas atividades, tantos informes a captar, falta-me tempo para sentar e teclar os textos ao blogue.

Assim, aos amigos que quiserem conhecer o que tem sido o FSM para os maranhenses, recomendo acessar o blogue do Ricardo Santos: ricardosantoscontraponto.blogspot.com.

Estamos juntos aqui, mas ele tá conseguindo escrever entre uma palestra e outra. Enquanto eu corro atrás de sonoras/entrevistas para o Programa Rádio Ciência, juntamente com Emerson Marinho e Marina Veiga, que edito na Rádio Universidade FM.

Só pra não dizer que não falei de nada aqui de Belém, registro: estamos no maior Fórum Social já realizado até agora: mais de 5.000 atividades; gente de mais de 150 países; 90 mil inscritos; 147 mil pessoas participando; mais de 2.500 jornalistas cobrindo para centenas de veículos de comunicação (rádio, blogues, TV´s, jornais, FM´s comunitárias, etc). Do Maranhão, calculo mais de 3.000 pessoas. Para não fazer referências apenas ao pessoal da capital (de onde vi 20 ônibus saindo), há caravanas de Imperatriz (02 ônibus de estudantes de Serviço Social da Unisulma, do movimento contra o trabalho escravo), Baixo Parnaíba, Timon, Viana, da Baixada Maranhense, Balsas, etc.


É isso. Abraços. Abaixo, uma foto onde Ricardo Santos e eu entrevistamos uma das mais simbólicas personalidades deste FSM: David Stang, irmão de Irmã Dorothy - assassinada pelo latifúndio aqui no Pará. Conosco, Irmã Anny e Silvio Bembem. A foto é de Marcio Jardim.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Espaço Maranhão no Fórum Social Mundial

O Comitê Maranhense pela Democracia e organizações como o Movimento Sem Terra (MST), Vale Protestar, Folha do Mangue, Associação José Martí e movimentos culturais maranhenses organizam o Espaço Balaiada - Maranhão durante o Fórum Social Mundial, que acontece de 27 de janeiro a 1º de fevereiro, em Belém (PA).

"O Espaço Balaiada será o ponto de encontro de diversos cidadãos e movimentos maranhenses no Fórum Social. Lá, realizaremos debates, shows, performances artísticas e um ato em Defesa da Democracia no Maranhão", explica Elias Araújo, da coordenação do MST.

Logo no início do Fórum Social, com a caminhada que deve reunir os quase 147 mil participantes, o Espaço Balaiada organizará a passeata dos maranhenses, onde bandeiras do estado, faixas e painéis demarcarão o espaço do Maranhão na caminhada de abertura. A concentração para a caminhada será na escadinha Cais do Porto, a partir das 15h desta terça-feira (27/01). Após a caminhada, Malabares, Tambor de Crioula e show "Os Balaios" encerram a primeira noite do Espaço Balaiada no Fórum Social.

Maranhão no FSM
Esta nona edição do Fórum Social será, devido à proximidade geográfica de Belém, a que mais maranhenses participarão. Dezenas de ônibus estão saindo do Estado desde domingo. São estudantes, professores e militantes sociais de diversas áreas, como movimentos de luta por moradia, trabalhadores rurais sem terrra, juventudes, sindicatos, movimentos de luta por mídia livre, contra o trabalho escravo, pela economia solidária, segurança alimentar, organizações não-governamentais e de partidos políticos.

Um ato em Defesa da Democracia no Maranhão acontecerá na quinta-feira (30/01), com a presença de intelectuais e lideranças do movimento social brasileiro e partidárias do País. Toda noite shows encerram a programa do Espaço Balaiada, com César Teixeira, Rosa Reis, Cacuriá de Dona Teté, dentre outros.

O mundo em Belém
O Fórum terá a participação de mais de 4.000 organizações de 150 países. Mais de 2.000 jornalistas farão a cobertura para o mundo todo. Os presidentes do Brasil (Lula da Silva), Bolívia (Evo Morales), Equador (Rafael Correa), Paraguai (Fernado Lugo) e Venezuela (Hugo Chaves) participarão do encontro. Os governadores do Sérgio Cabral (Rio de Janeiro), Jacques Wagner (Bahia), Marcelo Miranda (Tocantins), Ana Júlia (Pará) e Jackson Lago (Maranhão) também estarão presentes.

Programação dos Balaios
terça-feira (27) - abertura do Espaço Balaiada às 10h (atrás do auditório central da UFRA); Caminhada de Abertura, a partir das 15 horas (concentração na escadinha do Cais do Porto); show "Os Balaios", a partir das 22 horas.

quarta-feira (28) - mesa redonda sobre "A comunicação como instrumento de poder", a partir das 15h, charge teatral do Vale Protestar, às 17h e show com Rosa Reis às 21h;

quinta-feira (29) - mesa redonda sobre "A formação oligárquica do Maranhão: do Vitorinismo ao Sarneismo", a partir das 15h, Malabares, às 19h e show com Cacuriá de Dona Teté às 20h;

sexta-feira (30) - Ato em Defesa da Democracia no Maranhão, a partir das 18h, e show com César Teixeira, a partir das 19h;

sábado (31) - mesa redonda sobre "A cultura como instrumento de dominação", a partir das 15h, lançamento do livro "Sítio Ecológico", de Moisés Matias, às 17h, espetáculo "Um sonho de leitura", às 19h, e show com os Balaios, às 20h.

Fonte: Comitê de Defesa da Democracia no Maranhão

sábado, 24 de janeiro de 2009

Sarney: sem consenso e sem Lula

Por Haroldo Saboia

O senador José Sarney, após meses fazendo campanha pelo consenso em torno de seu próprio nome para a presidência do Senado, acabou derrotado.

Foi uma campanha inovadora. Todos os dias, o velho coronel fazia publicar uma declaração sua negando ser candidato, tendo o cuidado sempre de lembrar que "se chamado por seus pares", para "evitar disputas inúteis", poderia pensar em aceitar ser "o nome de consenso".
E sempre, sempre, dava lá o seu jeito para que os jornalistas nunca esquecessem ser ele, Sarney, "o candidato preferido do presidente Lula".

Creio que muitos brasileiros (e brasileiras) foram convencidos de que o presidente Lula não pensou em outra coisa, em suas férias de fim de ano, na Ilha de Fernando de Noronha, a não ser em Sarney, presidente por consenso do Senado. É que do Natal ao Dia de Reis, não vi jornal que não lembrasse que a primeira coisa que faria o Lula quando voltasse a Brasília era falar com o Sarney.

O jornalista Kennedy Alencar, repórter especial da Folha de São Paulo, chegou mesmo a afirmar;
"Lula deseja uma conversa definitiva com José Sarney. Se ele disser sim, Lula falará com o senador Tião Viana (AC), candidato do PT a presidente do Senado, para que ele desista da candidatura" (Folha de São Paulo, 14/01/2009).

Sarney disse sim e Lula, não. (O primeiro, que era como sempre foi candidatíssimo; o segundo, que não o apoiaria nem tampouco pediria a desistência do senador Tião Viana).

O velho coronel Sarney acabou, assim, sem consenso e sem Lula; mas agarrado como nunca em suas ambições e interesses.

Derrotado, comete um gravíssimo erro na própria formulação de sua candidatura. Na matéria que citamos, o colunista da Folha de São Paulo afirma:
- "Sarney quer ser candidato para fortalecer o seu clã político no Maranhão";
- "a Presidência do Senado daria ao ex-presidente da República força para tentar frear eventual operação da Polícia Federal contra um filho dele"
Essas afirmações - não contestadas nem desmentidas - são reveladoras tanto quanto estarrecedoras.

Reveladoras, pois, informam ao país que um seu ex-presidente da República ao colocar, meses a fio, seu nome a disposição de seus pares para presidir o Senado e o Congresso Nacional, o fazia não por espírito público, por ideais republicanos, mas por mesquinhas motivações decorrentes de disputas regionais.

Estarrecedoras à medida que dão conta que o senador José Sarney busca o cargo também com propósitos confessadamente criminosos tais como o de obstruir investigações policiais e eventuais processos judiciais contra seu filho e sócio, Fernando Macieira Sarney, em liberdade por força de salvo conduto.

Deste episódio fica claro que o presidente Luis Inácio Lula da Silva não se deixou levar pela cantilena consensual do seu caríssimo aliado José Sarney (Ministério de Minas e Energia, Eletrobrás, Eletronorte, ANTAQ, Banco da Amazônia, todos os cargos federais no Maranhão e Amapá, etc. etc. etc.).

Enquanto José Dirceu, com certeza por afinidades éticas, acha natural apoiar Sarney e reitera em seu blog de 21/01/2009 "inclusive para lhe fortalecer frente às derrotas no Maranhão", Lula, inteligente, já percebe enfraquecimento de Sarney. (Não é a toa que Lula é presidente com 80 por cento de aprovação, e Dirceu não pode sequer freqüentar lugares públicos...)

Paciente e exímio negociador, amadurecido nos embates sindicais, Lula tem extraordinária intuição política e aguçado sentido de autoridade. Não se deixa pautar por matérias como aquelas que Sarney costuma tanto "plantar" na imprensa. Quantas vezes não lemos nos jornais que Lula iria oferecer o Ministério da Saúde em troca do apoio do senador Tião Viana a Sarney?
Sem Lula e sem consenso, Sarney caiu na vala comum e sua campanha no vale tudo.

Já voltou até mesmo, em outras escalas e graus, a oferecer troca-troca de votos. Agora, dizem correligionários seus nos quatro cantos de São Luis sem pedir segredo, Sarney estaria, enfim, disposto a negociar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vaga na Academia Brasileira de Letras em troca do apoio do PSDB a sua candidatura a presidência do Senado. (Nesse andar da carruagem, Sarney vai ter logo, logo, que propor aumento de cadeiras na ABL).

O certo é que não está fácil para o velho coronel da Maguary.

Como convencer o PSDB e o PFL, partidos de oposição a Lula, com forte presença no Senado a abrir mão da presidência de Comissões importantes como a de Justiça, a de Relações Exterior, e a de Economia? Esses cargos fariam parte de um protocolo a ser formalizado pelo senador Tião Viana, do PT, e as bancadas dos tucanos e pefelistas.

Apoiada por partidos de esquerda e centro esquerda, como o PSOL e o PDT, a candidatura do petista Tião Viana ganha força apesar de toda a influencia que Sarney ainda tem na grande imprensa. Mas é questão de tempo.

Derrotado na busca do consenso, derrotado na tentativa de conquistar o apoio de Lula, Sarney agora será derrotado no voto, como no voto foi derrotada sua filha Roseana pelos maranhenses que elegeram Jackson governador.

Nota:
Recebi do Secretario de Estado do Turismo, Sr.João Martins, carta tentando explicar a exclusão do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses na disputa pela escolha das 7 Maravilhas Naturais do Mundo . Nela o Dr. João Martins afirma:
... "pessoas, órgãos, comitês é que falharam em suas proposições inclusive assumindo sem a devida competência suas funções e gerando fracasso.
Como faço parte de uma equipe de Governo muitas vezes necessitamos ficar em silêncio para não gerar conflitos, porém o Senhor Governador tem conhecimento de todos estes fatos."

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

CPI do judiciário: Senado já fez, por que a Assembléia não pode?

A proposta apresentada pelo deputado federal Pedro Fernandes (PTB), e também defendida pelo deputado federal Domingos Dutra (PT), de a Assembléia Legislativa abrir uma CPI para investigar a venda de setenças no poder judiciário estadual já encontra resistências.

Contrário, posicionou-se o deputado estadual Joaquim Haickel (PMDB). O argumento é o mais insustentável que podoria inventar: seria intromissão de um poder sobre o outro... nada a ver. Pelo contrário, é justamente a relação promíscua entre os poderes judiciário e político local, nas eleições para prefeito em 2008, que sustenta a defesa da CPI. Quebrou-se a independência, relata um desembargador do Tribunal de Justiça e todos os demais concordam a ponto de desfazer um sorteio para escolha de juízes a substituírem temporariamente vagas de desembargadores no Tribunal Regional Eleitoral.

A máxima da Teoria Geral do Estado - a independência entre os três poderes do Estado - dá ao Poder Legislativo o papel sim, pelo voto popular, de fiscalizar os dois outros poderes. Fosse consistente o argumento, o Brasil não teria visto uma CPI do Poder Judiciário, criada em março de 1999, durante o governo Fernando Henrique, por requerimento do então Senador Antônio Carlos Magalhães (PFL/BA), destinada à apuração de denúncias concretas da existência de irregularidades praticadas por integrantes de tribunais superiores, de tribunais regionais e de tribunais de Justiça. A comissão foi presidida pelo então Senador Ramez Tebet (PMDB/MT) e teve como relator o Senador Paulo Souto (PFL/BA).

Com a mesma resistência que a proposta de CPI na Assembléia, a CPI do Judiciário do Senado foi amplamente criticada, em especial por magistrados (tal como critica o ex-presidente da Associação dos Magistrados do Maranhão, Ronaldo Maciel), sendo acusada, dentre outros, de ser imprudente e afrontar o princípio constitucional da separação dos Poderes. A CPI não caiu no STF, foi até o fim e deu início aos textos de reforma do judiciário que viriam a ser aprovados em seguida pelo Congresso Nacional. Falta memória ao deputado Haickel...

PT reúne para avaliar CPI
No dia 06 de fevereiro, a Executiva Estadual do PT reúne para, dentre outros assuntos, discutir a proposta da CPI da venda de sentenças. Deve propor aos deputados Valdinar Barros e Helena Heluy que façam o movimento de coleta de assinaturas.

Poesia de Quinta

Nesta edição de número 16, Deila Maia traz aos leitores do Ecos a poesia de mais três belas mulheres. Abaixo.

Projeto Poesia de Quinta - número 16
Por Deila Maia

Para a Poesia de Quinta de hoje, escolhi um livro que eu gosto muito, que se chama "Poemas de três mulheres apaixonadas", que contem poesias de Gaspara Stampa, Louise Labé e Elizabeth Barrett Browning.

É um livro que reúne poemas de três mulheres bem diferentes, que viveram em épocas e locais distintos, com histórias de vida também diversas, mas que tem em comum entre si o condão de escrever esplendidamente sobre o amor. E as três também escolheram a forma clássica do soneto para expor suas diferentes formas de amar. É um livro e tanto. Recomendo!!!

Gaspara Stampa (1524-54) era italiana, de Pádua, e se apaixonou aos 24 anos por um nobre que não lhe correspondeu os sentimentos. Seus versos sempre falam das agruras de um amor infeliz.

Já Louise Labé (1526-66) era uma mulher muito bela, sensível e culta, que participava ativamente dos melhores saraus literários de Lyon. Seus poemas combinam amores imaginários e também reais. A tradução dos versos não é minha. É a que consta no livro. Vou colocar as duas versões, para quem entende o francês. O poema em questão não tem título. Aliás, nenhum dos sonetos do livro tem título.

Por fim, Elizabeth Barrett Browning (1806-61), foi uma poeta inglesa, bastante reconhecida em seu tempo e que viveu reclusa como inválida até perto dos 40 anos, quando conheceu o seu grande amor Robert Browning, também poeta, e que se tornou seu marido. Suas poesias refletem a calma e a alegria de um amor correspondido.

As três autoras tem poesias lindas, deslumbrantes, que combinam a beleza do conteúdo com o elegante rigor da forma clássica. Extremamente bem feitas as poesias. Um primor!!!

O inconsciente é realmente engraçado!!! Como dizia Warat "citar é citar-se". Os tipos de poesias ou textos que escolhemos, em geral, "batem" forte e em plena sintonia com o momento que estamos vivendo.

Espero que apreciem sem moderação!!!

LOUISE LABÉ

Belos olhos que fingem não me ver O beux yeux bruns, ô regards détournés
Mornos suspiros, lágrimas jorradas O chauds soupirs, ô larmes répandues
Tantas noites em vão desperdiçadas O noires nuits vainement attendues
Tantos dias que em vão vi renascer O jours luisants vainement retournés.
Queixas febris, vontades obstinadas O tristes plaints, ô désirs obstinés
Tempo perdido, penas sem dizer, O temps perdu, ô peines dépendues
Mil mortes me aguardando em mil ciladas O mille morts en mille rets tendues
Que o destino me armou por me perder. O pires maux contre mois destinés.
Risos, fronte, cabelos, mãos e dedos O ris, ô front, cheveux, bras, mains e doigts:
Viola, alaúde, voz que diz segredos O lut plaintif, viole, archet e voix:
À fêmea em cujo peito a chama nasce Tant de flambeaux por ardre une femelle!
E quanto mais me queima, mais lamento De toi me plains, que tant de feux pourtant
Que desse fogo que arde tão violento En tant d´endroits d´iceux mon coeur tâtant
Nem uma só fagulha te alcançasse. N´en est sur toi volé quelque étincelle.


GASPARA STAMPA

Mesmo todas as línguas, todo o engenho Vengo quante fûr mai lingue ed ingegni
Em prosa e verso, estilos imortais Quanti fûr stili in prosa, e quanti in versi
De espíritos dos tempos ancestrais e quanti in tempi e paesi diversi
Credores do respeito que lhes tenho spir´ti di riverenza e d´onor degni;
Bem descrever não poderão mais Non fia mai che descrivan l´ire e´sdegni,
Os males da paixão com que me avenho Le noie e danni, che ´n amor soffersi,
E que do amor têm demonstrado empenho Perché nel vero tanti e tali fêrsi,
Em ofuscar os mais gentis sinais Che passan tutti gli amorosi segni.
Tampouco poderão sequer, coitados, E non fia anche alcun, che possa dire,
Fazer saber do gozo, do esplendor Anzi adombrar la schiera de´diletti
Que por mercê de Deus me foram dados Ch´Amor, la sua mercé, mi fa sentire.
Se a ventura de amar vos deu favor Voi, ch´ad amar per grazia sète eletti,
Não vos queixeis, pois bem-aventurados No vi dolete dunque di patire;
Hão de ser sempre os mártires do amor. Perché i martir d´Amor son benedetti.


ELIZABETH BARRET BROWNING


Como te amo? Deixa que eu te conte: How do I love thee? Let me count the ways.
Amo-te quanto em largo, alto e profundo I love thee to the depth and breath and height
Minh´alma alcança, se fugindo ao mundo My soul can reach, when feeling out of sight
Busca a origem do Ser, da Graça a fonte. For the ends of Being and ideal Grace.
De dia, ou quando o sol cai no horizonte. I love thee to the level of everyday´s
Amo do mesmo amor cada segundo: Most quiet need, by sun and candlelight
O puro amor modesto em que me inundo I love thee freely, as men strive for Right;
O amor liberto de quem ergue a fronte. I love thee purely, as they turn from Praise.
Eu te amo com a paixão que conhecera I love thee with the passion put to use
Nas velhas dores, e com fé tão forte In my old griefs, and with my childhood´s faith.
Como a da infância; o amor que se perdera I love thee with a love I seemed to lose
Com as minhas crenças; te amo no transporte With my lost saints,- I love thee with the hearth
Do pranto e riso, e apenas Deus quisera, Smiles, tears, of all my life! - and, if God choose,
Mais te amarei ainda após a morte. I shall but love thee better after death.

Qual vocês gostaram mais?
Beijos apaixonados!!
Deila

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Fórum Social mobiliza maranhenses

Na próxima semana começa a nona edição do Fórum Social Mundial (FSM), em Belém. Sempre que realizado no País, o FSM desperta a paixão da militância social. Funciona como uma espécie de grande curso de formação, para todos os gostos e todas as tribos. Bem pertinho aqui do Maranhão, então, não seria diferente.

São mais diversas as organizações alugando ônibus e fechando os preparativos finais. Entre elas, estão: Movimento Sem-Terra, com mais de 400 participantes; Conselhos das Cidades e do Trabalho, com 60 participantes; movimento pela mídia livre, com 40; movimento negro, outros 40; quilombolas e organizações indígenas, 40; luta pela moradia popular, contra o trabalho escravo, movimento de economia solidária, de luta pela meio ambiente e organizações do Fórum Social Maranhense, 150; estudantes de ensino médio, professores e estudantes universitários, artistas da cultura popular e por ai vai. Afora as delegações do interior: de Imperatriz saem ônibus, da Região do Alto Turi, saem outros...

Especialmente o Comitê da Democracia no Maranhão organizará o Espaço Balaiada. Será um local onde os maranhenses e todo o resto do mundo poderão se encontrar em oficinas, mesas de debate e atividades culturais. Uma rádio livre será instalada no local. Uma programação com a presença do Laborarte e artistas populares está sendo garantida.

Mesas de debate também acontecerão sempre às tardes, tematizando questões como "Comunicação como instrumento de poder oligárquico", "Formação Social da Oligarquia no Maranhão: do vitorinismo ao sarneismo" e "Cultura como instrumento de dominação no Maranhão". Um ato com lideranças nacionais em apoio ao governador Jackson Lago também será realizado no Espaço. Será o mundo conhecendo as entranhas do Maranhão...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

José Reinaldo demarca terreno

Robustecido pela garantia da Presidência da Assembléia Legislativa para seu sobrinho, o deputado estadual Marcelo Tavares (PSB), o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB) dá um passo à frente em seu projeto rumo ao Senado Federal.

Simbolicamente, Reinaldo escolheu a rádio Educadora para anunciar sua pré-candidatura a uma das duas vagas em disputa para o Senado em 2010. Simbolicamente porque foi na mesma rádio que o atual governador Jackson Lago lançou-se à vitoriosa campanha para o Governo do Estado, em 2006. Tavares segue os passos da vitória com essa sua demarcarção de terreno.

No programa Roda Viva, apresentou-se com o coerente discurso e estratégia que levou à derrocada da oligarquia: expor o que de mazelas o grupo Sarney trouxe em seus 40 anos de mando no estado (falou da extinção do sistema agrícola, do IDH maranhense, da luta pelo empréstimo do PRODIM etc).

Sugeriu que o governador Jackson Lago assuma mais ativamente a coordenação política da Frente de Libertação. Defendeu a reeleição do governador, a renovação da coligação com PDT-PSB-PSDB-PT. Avaliou que é preciso corrigir rumos na estrutura admnistrativa do Estado. Esquivou-se de qualquer disputa antecipada pela outra vaga de senador na chapa, mas alertou: "agora não podemos pulverizar com muitos candidatos, é o dois (de cá) contra dois (de lá) para o Senado e tenho certeza, venceremos!". Há lideranças novas e respeitáveis lideranças já experimentadas na política, é preciso muita conversa para definir o segundo nome a chapa ao senado.

Com este lance, José Reinaldo Tavares coloca o nome na rua. 2010 está só começando...


A ARTE DA POLÍTICA
Por sinal, registremos dois movimentos no tabuleiro para ficar claro como o jogo do poder já está sendo jogado: primeiro o de Lula. O presidente recua publicamente da defesa do fim da reeleição, até se contradizendo em relação a declarações próprias e deixando um fiel deputado, João Paulo Cunha (PT/SP) com a brocha na mão e sem escada (ele é o relator da proposta na Câmara Federal). Justificativa do movimento: por que falicitar organização da fila no PSDB?

Lula convenceu-se da tese de José Dirceu (tá no blog do ex-deputado). Com a emenda pelo fim da reeleição, ficaria fácil uma composição Serra e Aécio, hoje os principais presidenciáveis em confronto no PSDB.

Mas o troco tucano vem no mesmo nível da arte da política: Serra praticamente isola Aécio, ao trazer Alckmin para ser seu secretário de Desenvolvimento e, com isso, simboliza que sua opção para a disputa do governo de São Paulo em 2010, pelo seu partido, será por Geraldo Alckmin-governador... são ou não são sofisticados os movimentos dos dois principais partidos do País que, uma vez mais, polarizaram a disputa presidencial??

25 anos: parabéns MST


Ecos das Lutas deixa suas congratulações aos 25 anos do Movimento Sem Terra. A luta do MST é justa, bela e reivindica o que os principais países do mundo desenvolvido já realizaram: distribuição de terra para seu povo plantar a vida.

Abaixo, artigo de João Pedro Stédile, publicado na revista Caros Amigos-janeiro2009.


MST: 25 ANOS DE TEIMOSIA

Em janeiro de 1984, havia uma processo de reascenso do movimento de massas no Brasil. A classe trabalhadora se reorganizando, acumulando forças orgânicas. Os partidos clandestinos agora já estavam na rua, como o PCB, PCdoB, etc. Tínhamos conquistado uma anistia parcial, mas a maioria dos exilados tinham voltado.

Já havia se formado o PT e a CUT e a CONCLAT. Amplos setores das igrejas cristãs ampliavam seu trabalho de formiguinha, de ir formando consciência e núcleos de base em defesa dos pobres, inspirados pela teologia da libertação. Havia um entusiasmo em todo lugar, porque a ditadura estava sendo derrotada, e a classe trabalhadora brasileira está na ofensiva. Lutando e se organizando.

Os camponeses no meio rural viviam o mesmo clima e a mesma ofensiva. Entre 1979 e 1984 se realizaram dezenas de ocupações de terra em todo o país. Os posseiros, os sem terra, os assalariados rurais, perderam o medo. E foram à luta. Não queriam mais migrar para a cidade como bois marcham para o matadouro (na expressão de nosso saudoso poeta uruguaio Zitarroza).

Fruto de tudo isso nos reunimos em Cascavel, em janeiro de 1984, estimulados pelo trabalho pastoral da CPT, lideranças de lutas pela terra de dezesseis estados brasileiros. E lá, depois de 5 dias de debates, discussões, reflexões coletivas, fundamos o MST. Movimento dos trabalhadores rurais sem terra.

Nossos objetivos eram claros. Organizar um movimento de massas a nível nacional, que pudesse conscientizar os camponeses para lutarem por terra, por reforma agrária (significando mudanças mais amplas na agricultura) e por uma sociedade mais justa e igualitária. Queríamos enfim combater a pobreza e a desigualdade social. E a causa principal dessa situação no campo, era a concentração da propriedade da terra, apelidada de latifúndio.

Não tínhamos a menor idéia se isso era possível. E nem quanto tempo levaríamos na busca de nossos objetivos.

Passaram-se 25 anos. Muito tempo. Foram anos de muitas mobilizações, muitas lutas, e de uma teimosia constante, de sempre lutarmos e nos mobilizarmos contra o latifúndio.

Pagamos caro por essa teimosia. Durante o governo Collor, fomos duramente reprimidos, com a instalação inclusive de um departamento especializado em sem terra na Polícia Federal. Depois com a vitória do neoliberalismo do governo FHC, foi o sinal verde para os latifundiários e suas policias estaduais atacarem o movimento. E tivemos em pouco tempo dois massacres: Corumbiara e Carajás. Ao longo desses anos, centenas de trabalhadores rurais pagaram com sua própria vida, o sonho da terra livre.

Mas seguimos a luta.

Brecamos o neoliberalismo elegendo o governo Lula. Tínhamos esperança de que a vitória eleitoral pudesse desencadear um novo reascenso do movimento de massas, e com isso a reforma agrária tivesse mais força de ser implementada. Não houve reforma agrária durante o governo Lula. Ao contrário, as forças do capital internacional e financeiro, através de suas empresas transnacionais ampliaram seu controle sobre a agricultura brasileira. Hoje a maior parte de nossas riquezas, produção e distribuição de mercadorias agrícolas está sob controle das empresas transnacionais. Elas se aliaram com os fazendeiros capitalistas e produziram o modelo de exploração do agro-negócio. Muitos de seus porta-vozes se apressaram a prenunciar nas colunas de jornalões burgueses que o MST se acabaria. Lêdo engano.

A hegemonia do capital financeiro e das transnacionais sobre a agricultura não conseguiu, felizmente, acabar com o MST. Por um único motivo. O agro-negócio não representa solução para os problemas dos milhões de pobres que vivem no meio rural. E o MST é a expressão da vontade de libertação desses pobres.

A luta pela reforma agrária que antes se baseava apenas na ocupação de terras do latifúndio, agora ficou mais complexa. Temos que lutar contra o capital. Contra a dominação das empresas transnacionais. E a reforma agrária, deixou de ser aquela medida clássica: desapropriar grandes latifúndios e distribuir em lotes para os pobres camponeses. Agora, as mudanças no campo, para combater a pobreza, a desigualdade e a concentração de riquezas, depende de mudança não só da propriedade da terra, mas também do modelo de produção. E se agora, os inimigos são também as empresas internacionalizadas, que dominam os mercados mundiais. Significa também que os camponeses dependerão cada vez mais das alianças com os trabalhadores da cidade para poder avançar nas suas conquistas.

Felizmente, o MST adquiriu experiência nesses 25 anos. Sabedoria necessária para desenvolver novos métodos, novas formas de luta de massa, que possam resolver os problemas do povo.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Explosivo o JP de domingo

O Jornal Pequeno de domingo-18/01 está um bomba: primeiro o furo de Oswaldo Viviani. Numa matéria bem elaborada, Vivani revela de forma nua e crua o tamanho da encrenca na qual o empresário Fernando Sarney se encontra. São contas no exterior não-declaradas à Receita Federal, teor de conversas grampeadas e emails interceptados pela Policia Federal, devidamente autorizados pela justiça.

O relatório expõe os crimes praticados por Fernando Sarney, registra o JP: formação de quadrilha, crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, tráfico de influência... não é uma bomba? Através deste link é possível acessar a matéria completa: http://www.jornalpequeno.com.br/2009/1/17/Pagina96659.htm




Depois vem a entrevista do senador Tião Viana (PT/AC): "Não tenho medo de disputar com o Sarney". JP repercute entrevista do senador petista ao blog de Josias Sobrinho. Fica claro ao leitor do jornal que somente a situação de Fernando Sarney justifica a obestinação com que José Sarney colocou-se para a disputa da Presidência do Senado, após por cinco vezes dissimular seu interesse pelo cargo.

A entrevista de Tião também é possível acessar pelo link http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2009-01-11_2009-01-17.html.

Alguns trechos:
- Pode desistir da candidatura?
A chance de isso acontecer é zero.
- E se Lula pedir?
Ainda assim, a hipótese de eu desistir da candidatura é nenhuma.
- Acha que o presidente vai pedir?
Não creio. Ele me conhece há mais de 20 anos. Tem respeito por mim. Tenho convicção de que não faria a indagação.
- E se fizer?
Se ele pedir, minha resposta será negativa. Hoje, tenho a responsabilidade política de sustentar a indicação de cinco partidos e dos senadores que me apóiam.
- Quantas vezes Sarney lhe disse que não seria candidato?
Cinco vezes. Conversei com o senador com a maior consideração e humildade.
(...)
- Receia disputar com Sarney?
Não tenho o menor receio. Ele é senador como eu. Vamos ao voto.
- Não receia que Lula apoie Sarney?
Creio que seria muito difícil que, havendo dois candidatos da base governista, o presidente manifestasse preferência por um. Pode haver um distanciamento do presidente Lula do processo. Creio que ele tratará as duas candidaturas com respeito.
(...)
- Conseguiria conduzir o Senado com independência?
Não tenho dificuldade em afirmar a minha relação histórica com a figura humana e política do presidente Lula. Assim como fizeram Luiz Eduardo Magalhães e Aécio Neves, quando presidiram a Câmara, com Fernando Henrique Cardoso. Tenho também uma relação de respeito com o governador José Serra. Então, me sinto à vontade para defender os interesses do Legislativo. Com a responsabilidade que me cabe caso venha a ser eleito. Sei o que é um governo de coalizão. Mas também valorizo o papel de uma oposição ativa. É possível conduzir o processo legislativo com altivez e independência.
(...)
- Contabiliza votos da oposição?
Sim. Dentro do DEM também terei votos importantes. E creio que o PSDB está sensível a um diálogo elevado. É hora de pensar no país e não em governo querendo destruir a oposição e vice-versa. Esse caminho só leva ao colo do fisiologismo.


E pra terminar, a matéria de "GERSON- o canhotinho de ouro", de José de Oliveira Ramos está belíssima. Nota DEZ para o JP de domingo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Lençóis perdem para Noronha...

Aos poucos o Ecos das Lutas vai crescendo. Seu objetivo é ser uma criação coletiva. A partir de hoje, junta-se à Deila Maia (nossa colaboradora com o Projeto Poesia de Quinta) o ex-deputado constituinte Haroldo Saboia. Seus artigos, publicados no Jornal Pequeno, também passam a compor o Ecos das Lutas, às sextas-feiras.

Neste, Saboia indigna-se com a saída dos Lençóis Maranhenses da corrida por se tornar uma das sete maravilhas naturais do mundo. Realmente, é uma pena...







ABRAÇAR OS LENÇÓIS MARANHENSES
Por Haroldo Saboia


Tomei conhecimento pelo JP TURISMO, de sexta feira 9,que o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses perdeu para Fernando de Noronha a disputa para representar o Brasil na segunda fase,do processo de escolha das Sete Maravilhas Naturais do Mundo.

Com a exclusão dos Lençóis Maranhenses perde o Maranhão e o Brasil. Explico: o turismo em Fernando Noronha estará sempre limitado pela reduzidíssima dimensão do seu território.

No meu entender perdemos, basicamente, por três razões: pela falta de apoio do governo federal, pela completa omissão do Sistema Mirante-Globo e, finalmente, mas não menos importante, pela clara e manifesta incompetência da Secretaria de Estado de Turismo.

A republicação deste artigo (de 12 de novembro de 2007) é uma forma de manifestar minha indignação e revolta por tanto descaso pelo nosso Maranhão.

"O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses foi eleito, em dois de agosto, vencendo o Arquipélago de Fernando de Noronha e a Floresta Amazônica, a mais bela maravilha natural do Brasil, por mais de quatro mil internautas, em pesquisa coordenada pela Revista Época. É o único concorrente brasileiro a uma vaga entre as Sete Maravilhas Naturais do Mundo.

Cumpre registrar o papel do Deputado Roberto Rocha nesse processo. Foi ele quem, na primeira fase da escolha, tomou a iniciativa da mobilização em defesa do Parque, além de, em seguida, propor a criação da Frente Parlamentar Pró-Lençóis, na Câmara Federal.

Agora, a luta não é apenas dos maranhenses. É do Brasil. A votação se estenderá até o dia 8 de julho de 2008 pelos endereços eletrônicos: http://www.natural7wonders.com/; http://www.votelencois.com/; http://www.votelencois.com.br/.

Muitos passos já foram dados. O Comitê Pró-Lençóis foi instalado, em setembro, pelo Governador Jackson Lago, em solenidade no Palácio dos Leões. O tema foi tratado pelo governador maranhense em reunião com a Ministra do Turismo, Marta Suplicy, que reafirmou o compromisso do Governo Federal em concluir a BR-402 ligando Barreirinhas à Parnaíba, estrada fundamental para o sucesso do Consórcio Interestadual de Turismo (Maranhão, Ceará e Piauí).

O governo estadual tem distribuído materiais de divulgação da Campanha em feiras, congressos e em outros eventos nacionais, disponibilizando pontos de votação pelos Lençóis. Em breve, estes equipamentos estarão em aeroportos e terminais rodoviários do País.

Todos esses esforços são louváveis. Todavia, entendo que a luta pela eleição do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses como uma das Sete Maravilhas Naturais do Mundo exige o firme e decidido engajamento do Governo Federal.

Para a escolha do Cristo Redentor como uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno não foi diferente. Com o slogan "Vote no Cristo. Ele é uma maravilha", a campanha iniciada pelo governo carioca logo tomou uma dimensão nacional. Em maio, o Corcovado foi visitado, em datas diferentes, pelos governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas.

Em junho, o Presidente Lula foi ao Cristo Redentor acompanhado de seis ministros. Ao final da solenidade, Lula tirou o paletó e vestiu a camiseta da campanha. O governo federal levou a campanha do Cristo Redentor também ao exterior. Além de divulgar a imagem do nosso país no resto do mundo, perseguia objetivos concretos: a geração de emprego e renda. A presença do Rio entre as Sete Maravilhas do Mundo Moderno viabiliza a criação de mais de 82 mil novos empregos e o aporte de quase 100 milhões de dólares anuais na economia carioca, estimam as autoridades.

Não temos tempo a perder. Precisamos de um planejamento sério, muito trabalho e senso de oportunidade. Nos próximos dias virá a São Luis o ministro Gilberto Gil; por que não levá-lo aos Lençóis para gravar uma mensagem pela Campanha?

Preparar, quem sabe, para o inicio de 2008 (janeiro ou fevereiro) o lançamento oficial da Campanha, em pleno Lençóis Maranhenses, pelo governador Jackson Lago, com a Ministra do Turismo, Secretários de Turismo dos Estados e das Capitais, e lideranças dos municípios maranhenses.

A exemplo do que fez no Rio de Janeiro, o Presidente Lula tem que vir ao Parque dos Lençóis e vestir a camiseta da Campanha para elegê-lo uma das Sete Maravilhas Naturais do Mundo. Por que não promover, de janeiro a junho, um calendário de atividades com abraços simbólicos aos Lençóis? Na Lagoa das Gaivotas, na Queimada dos Britos, em Santo Amaro; na Lagoa Azul e na Lagoa Bonita, em Barreirinhas.

Por que não convidar os atores e membros das equipes de O Clone, Da Cor do Pecado, Casas de Areia, e tantas personalidades - jornalistas, escritores, compositores, artistas plásticos - que já conheceram os encantos dos Lençóis para a Campanha? Temos que vencer o bloqueio imposto pela mídia miranteana, dos derrotados de 2006, sempre jogando contra o progresso do Maranhão.

Importante a participação dos artistas, intelectuais e atletas maranhenses, tanto os que vivem aqui, quanto aqueles que residem em outros Estados ou fora do Brasil. Interceder junto ao Ministério das Relações Exteriores para que divulgue a Campanha Vote Lençóis em nossas Embaixadas e Consulados, pois há cerca de um milhão e meio de brasileiros no Exterior.
Fico a imaginar, espalhado por toda a parte, um imenso cartaz com o Cristo Redentor, não com a vista da Baía da Guanabara, mas com seus braços abertos sobre os Lençóis Maranhenses, como a abençoar suas milhares de lagoas, ora azuis ora verdes, que se aconchegam por entre suas leves e sinuosas dunas."

Haroldo Saboia, 58 anos, economista, advogado, Constituinte de 1988. E-mail: haroldosaboia@hotmail.com

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Hoje é dia de Deila

POESIA DE QUINTA - Número 15 (Angola)
Por Deila Maia


Hoje vou presenteá-los com lindas poesias de Angola. Depois me digam qual vocês gostaram mais. Adoro estes retornos que vocês me dão.

CARLA QUEIROZ nasceu em Kwanza-Sul (província de Angola),em 1968. Publicou a obra "Os botões pequenos sonham com o mel" (que nome lindo para uma obra poética, não?), de onde foi extraída esta poesia, publicada em 2001.
Como a obra é anterior à reforma ortográfica, e o português de Angola tem forte influência do português de Portugal, é possível ainda verificar palavrinhas como "projecto", "insecto"... Eu acho uma delícia. Vejam que linda!!!!

DECLARAÇÃO
Carla Queiroz

Nasci
No ventre desencantado da serpente
No leito guarnecido das sementes

Cresci
Nos trapos sujos do desespero da rocha
Encaracolada e desfeita pelo projecto
do cão

Multipliquei-me
Na corrente do desequilíbrio cívico dos
sinistrados
Como uma espécie de insecto que
pernoita no zumbido.

Da argola e do conto

Morri sem uma bela insígnia
distinguindo minhas intimidades
Sem uma coroa bonita ao redor do meu sonho



A outra poesia é de ONDJAKI, que é o pseudônimo de NDALU DE ALMEIDA (qual é mais diferente: o nome ou o pseudônimo?), um poeta nascido em Luanda, capital da Angola, em 1977 (jovem!!!). Esta poesia está na obra "Actu Sanguíneu", publicada em 2000. Acho de uma sensibilidade... Ele se sente uma libélula. E eu, uma borboleta amarela...

PARA POR PAZ
Ondjaki

libélulas avoam danças
aranhas cospem tranças;
morcegos ralham noites
ursos linguam potes;
rapozas agalinham-se
ondas engolfinham-se;
carochinha avoa voa
preguiça dorme à toa;
toupeiras entunam-se
grilos estrelam-se;
noites adescaem
estrelas agrilam-se
eu libelulizo-me.

Bayma dá nome aos bois... Fernandes e Dutra querem CPI

CPI sobre a venda de sentenças judiciais: quem vai encarar?

O decano do Tribunal de Justiça, Bayma Araújo, dá nomes aos bois. Em ofício ao Corregedor Geral, Jamil Gedeon, ele reafirma que, na sessão de 07/01/2009: "(...) alertei esta Corte acerca da indicação dos Juízes Luiz Gonzaga Almeida Filho e José de Arimatéia Correia Silva, observações acatadas à unanimidade, haja vista desprovidas de cunho pessoal, ou mesmo de maledicências vãs, mas voltadas ao zelo da atividade judicante, eis que estes figurantes dentre aqueles contra os quais emergentes alguns comentários depreciativos a envolver situações merecedoras de esclarecimentos, circunstância suficiente a exigir, no mínimo, cautela desta Corte, como, de fato, reconhecido pelos meus eminentes pares".

O desembargador materializa o fato determinado pelo qual cabe um processo investigatório por parte do Poder Legislativo. Não por outro motivo, deputados federais começam a defender que a Assembléia Legislativa do Maranhão instale uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para tratar do assunto.

Esta tese une Pedro Fernandes (PTB) e Domingos Dutra (PT), parlamentares de diferentes partidos e posições políticas. Ambos defendem a CPI. Espera-se, especialmente dos deputados Valdinar Barros e Helena Heluy, dado que tem sido o PT o partido de primeira hora a levantar a bandeira da moralização do judiciário, a iniciativa para a coleta de assinaturas para a CPI. É aguardar... abaixo, a carta do desembargador Bayma Araújo:

Ofício nº 01/2009-GD
São Luís, 14 de janeiro de 2009
A Sua Excelência o Senhor Desembargador
Jamil de Miranda Gedeon Neto
Corregedor Geral de Justiça do Estado do Maranhão

Senhor Corregedor

Em resposta ao ofício 50/2009/GAB-CGJ, se me enviado por esta Corregedoria, oportuno esclarecer de que as afirmações por mim aventadas, bem ainda as colocações sustentadas no plenário deste Tribunal, na sessão do último dia 7, são frutos de notórios comentários propagados "boca a boca" no seio da sociedade e propalados reiteradamente pela imprensa local, de modo que se me é impossível acreditar que não de conhecimento de Vossa Excelência e até dos meus eminentes pares, a quem pressuponho cidadãos informados, e, pelo cargo que ocupam, preocupados com a probidade e a lisura da atividade judicante.

Em verdade, poder-se-ia pressupor que constitutivas essas assertivas propaladas via imprensa, de meras suposições, não fosse o constato de que reiteradamente aviventadas, à luz de fatos novos, mas com arcabouço idêntico a anteriores não pertencentes a passados distantes por, igualmente, atuais, onde diferentes apenas os sujeitos, mas nunca os objetivos e mecanismos.

Em qualquer momento fiz afirmações direcionadas a qualquer magistrado ou serventuário em específico; relatei, sim, fatos noticiados não só a mim, mas a todos, ou ignoram os meus eminentes pares os diversos atropelos, equívocos e conturbações incidentes sobre o último pleito eleitoral? Como explicar incêndios e saqueamentos a fóruns nos municípios do estado?

Apesar de notória a revolta inerente à população daqueles municípios, exsurge como ponto nevrálgico da questão a busca pela origem do problema, para onde, certamente, direcionadas as conseqüências, de modo que, se incendiado o prédio do Fórum, e não a sede da Prefeitura ou da Câmara de Vereadores, outra não há de ser a conclusão senão a de que voltados os reclames sociais a este Poder, daí porque não constitutivas as minhas afirmações de surpreendentes novidades, mas do simples relato daquilo que se desenha a cada dia, como dito em reiteradas notícias veiculadas na imprensa e no desânimo daqueles que acreditam no Judiciário.

De admirar não as aduções por mim suscitadas, mas a demora nesse anunciar, de maneira que, ao invés de revestirem-se de incomensurável surpresa, consoante a conotação que se lhes vem sendo dada, não passa de simples "Ovo de Colombo", de conhecimento de todos, de importância inquestionável e de fácil solução, eis que a requerer tão-somente apuração e nada mais!

Consoante já enfatizado, por mim, não declinados nomes, eis que restritas minhas declarações a fatos genéricos e de conhecimento público, tanto assim o é que antes colocados pelo Jornal Pequeno, na edição de 28/12/2008, veículo este que, ao noticiar afirmações minhas, literalmente se lhas reafirmado com posicionamentos próprios, fazendo referência, inclusive, a anteriores publicações.

No mesmo sentido, diversos blogs de jornalistas conceituados junto ao seio desta sociedade, a noticiarem irregularidades relativas à atuação do nosso Poder Judiciário, de maneira que coincidente o meu conhecimento com o conhecimento de todos, vez que os fatos chegam a mim pelos mesmos meios que conduzidos a todos, contudo, de uma certeza, a de que cabente à Corregedoria o seu real e enérgico apurar, identificando fatos e autores, e para isso não eu, cidadão comum, a especificar o foco, mas, na condição de Decano, cabe, sim, a mim, chamar a atenção ao problema e exigir o início de apurações.

Antevista a questão aqui discutida, e por sucessivas vezes aventada pela imprensa local, pelo menos por um dos membros desta Corte, o eminente Desembargador José Joaquim Figueiredo dos Anjos, que, via ofício nº 138/2008 - GB/TJ, datado de 30/12/2008, ressaltando a "reiterada divulgação, pela imprensa local, de notas atribuindo a juízes de Primeiro Grau desse estado a prática de conduta incompatível com a Magistratura e/ou mesmo ilícita", requerendo que submetida a questão a Plenário na sessão do último dia 7, sessão esta, inclusive, em que alertei esta Corte acerca da indicação dos Juízes Luiz Gonzaga Almeida Filho e José de Arimatéia Correia Silva, observações acatadas à unanimidade, haja vista desprovidas de cunho pessoal, ou mesmo de maledicências vãs, mas voltadas ao zelo da atividade judicante, eis que estes figurantes dentre aqueles contra os quais emergentes alguns comentários depreciativos a envolver situações merecedoras de esclarecimentos, circunstância suficiente a exigir, no mínimo, cautela desta Corte, como, de fato, reconhecido pelos meus eminentes pares.

Agradecido pela atenção dispensada, exteriorizada no se me oportunizar dos devidos esclarecimentos, a mim só me resta, de final, a Vossa Excelência renovar protestos de estima e consideração.

Desembargador Antonio Fernando Bayma Araujo


quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Sem medo de engasgar


No Blogue do Treze (www.blogdotreze.blogspot.com/), veiculo a entrevista do presidente Lula à Revista Piauí. É longa: 89 perguntas. Para quem gosta de ir direto ao assunto, deixo o "mapa" da entrevista abaixo:
questões 01 a 32 - Lula fala sobre imprensa, relação com a mídia, importância dos jornais, comunicação;
questões 33 a 43 e 49 a 54 - Lula emite opiniões sobre jornalistas (Clóvis Rossi, Jânio de Freitas, Elio Gaspari, Mainardi, Nassif etc);
questões 44 a 48 - sobre distribuição da verba publicitária do governo federal;
questões 55 a 59 - a solidão do poder;
questões 60 a 67 - injustiças da imprensa e intimidade;
questões 68 a 70 - mensalão e José Dirceu;
questões 71 a 74 - caso Daniel Dantas;
questões 75 a 81 - o poder do presidente da República, o gosto pelo poder, Constituinte-88;
questões 82 a 87 - frustração no mandato, sucessão-2010, Dilma;
questões 88 e 89 - preferência entre Fidel e Raul Castro.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Apenas 1%...




Sun Tzu, no seu livro "A arte da guerra", dentre outras lições, ensina: "Na paz, preparar-se para a guerra; na guerra, preparar-se para a paz." As principais economias do mundo parecem seguir à risca esta orientação. O problema é saber se estamos em tempo de paz ou de guerra...


Vejam os 10 exércitos mais poderosos do mundo, segundo a Revista Mundo Estranho. O critério da revista para enumerar os dez maiores poderios bélicos equilibra quantidade de soldados, gastos militares, gasto por habitante e posse ou não de armas nucleares. Deu na lista abaixo:


1º. Estados Unidos

Efetivo: 1 milhão 414 mil soldados; gasto militar anual: 329 bilhões de dólares (1.138 dólares por habitante); armas nucleares: sim


2º. Rússia

Efetivo: 988 mil 100 soldados; gasto militar anual: 48 bilhões de dólares (333 dólares por habitante); armas nucleares: sim


3º. China

Efetivo: 2 milhões 270 mil soldados; gasto militar anual: 48 bilhões de dólares (37 dólares por habitante); armas nucleares: sim


4º. França

Efetivo: 260 mil 400 soldados; gasto militar anual: 38 bilhões de dólares (636 dólares por habitante; armas nucleares: sim


5º. Reino Unido

Efetivo: 210 mil 400 soldados; gasto militar anual: 35 bilhões de dólares (590 dólares por habitante); armas nucleares: sim


6º. Coréia do Norte

Efetivo: 1 milhão 82 mil soldados; gasto militar anual: 4,7 bilhões de dólares (214 dólares por habitante); armas nucleares: sim


7º. Índia

Efetivo: 1 milhão 298 mil soldados; gasto militar anual: 13 bilhões de dólares (13 dólares por habitante); armas nucleares: sim


8º. Paquistão

Efetivo: 620 mil soldados; gasto militar anual: 2,5 bilhões de dólares (17 dólares por habitante)armas nucleares: sim


9º. Coréia do Sul

Efetivo: 686 mil soldados; gasto militar anual: 12 bilhões de dólares (266 dólares por habitante)armas nucleares: não


10º. Israel

Efetivo: 161 mil 500 soldados; gasto militar anual: 9,4 bilhões de dólares (1.499 dólares por habitante); armas nucleares: sim


Numa continha rápida do dinheiro envolvido, soma-se quase 540 bilhões de dólares anuais gastos ao ano na indústria bélica.


Tem razão o escritor uruguaio Eduardo Galeano quando afirma que, se as principais economias destinassem apenas 1% dos seus investimentos bélicos, apenas 1%, para a questão social, estaria eliminada a miséria e a fome no mundo!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A representação da OAB

Ecos das Lutas publica, na íntegra, a representação da OAB-Maranhão junto à Procuradoria da República no Maranhão, Tribunal de Justiça, TRE e CNJ, onde solicita que sejam tomadas as medidas cabíveis sobre as denúncias publicadas pela imprensa sobre a ação da justiça eleitoral em 2008, sobretudo no tocante à venda de sentenças.
A representação da OAB baseia-se, sobretudo, no conteúdo do Colunão, editado pelo jornalista Walter Rodrigues, censurado pelo juiz Douglas Airton Ferreira Amorim. Leia abaixo:

"EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PROCURADOR DA REPÚBLICA NO MARANHÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR SUPERINTENDENTE DA POLÍCIA FEDERAL NO ESTADO DO MARANHÃO
EXCELENTÍSSIMA SENHORA DESEMBARGADORA CORREGEDORA DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO MARANHÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO CORREGEDOR DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR CORREGEDOR DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO


ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – SECÇÃO MARANHÃO - OAB/MA, vêm, perante Vossa Excelência, representar pela instauração de procedimento para averiguar os fatos abaixo narrados:

O Jornal O IMPARCIAL de 08 de janeiro de 2009 publicou matéria com o título “TJ aprova apuração de denúncias contra juízes” em que o Desembargador Antonio Bayma Júnior afirma que:

“Nestas eleições teve juízes vendendo decisões, tivemos uma eleição conturbada, notadamente na parte de posse e diploma. Chegou-se até a presenciar-se publicamente no eleitoral, a parte dizer na cara do juiz devolva o meu dinheiro e o Procurador da Republica imediatamente intercedeu: Devolva o dinheiro, devolva o dinheiro, e o dinheiro foi devolvido, um escândalo jamais visto aqui, eu só tenho a lamentar.”

Segundo a matéria jornalística (cópia anexa) as afirmações teriam sido feitas no Plenário do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, na sessão do dia 07 de janeiro de 2009.

No dia 08 de janeiro de 2009 a imprensa tornou a publicar notícias referentes a esse fato, desta feita no blogue do Colunão, editado pelo jornalista Walter Rodrigues (http://www.walter-rodrigues.jor.br/) (cópias em anexo):

Decano denuncia corrupção

Bayma Araújo, decano do Tribunal de Justiça do Maranhão, deu ontem uma entrevista “pesada” na Rádio Mirante.

Eu só soube nesta madrugada e naturalmente fui olhar no portal iMirante para confirmar o conteúdo e saber detalhes.

Nada. O iMirante ignorou o assunto. Por quê?

Porque Bayma atacou magistrados vendedores de sentença, dando a entender — pelo que me contaram — que isso ocorre não apenas no 1o grau, mas no 2o também, especialmente no TRE.

Ele fez menção explícita aos R$ 6 milhões que queriam sacar da Prefeitura de São Luís na saidinha de Tadeu Palácio — Bayma é que não deixou. Implicita ou explicitamente (só conferindo para saber direito) meteu o eleitoral na conversa.

O iMirante escondeu a notícia certamente porque ela pode ajudar a campanha oportunista de Jackson Lago. O governador tenta encurralar a Justiça com acusações genéricas de corrupção, não raro injustas, e ameaças de violência.

Jackson e seus aliados, com cobertura da mídia amestrada e da Polícia Militar, açulam seus correligionários contra juízes e promotores eleitorais que não entram no esquema da atual oligarquia no poder. Ao mesmo tempo, beneficiam-se da situação que denunciam, como prova o fato de que denúncias gravíssimas contra o governador e secretários são ignoradas pelo MP-MA.

Ou seja, querem que a corrupção institucional continue cada vez maior, desde que só sirva ao Governo. E não admitem que juízes e promotores corretos — e há muitos — façam seu trabalho com independência.

Bayma sabe que a corrupção não é de hoje, mas vem aumentando. Sabe também que o clima geral no estado, hoje, é de desordem e saque, violência e cinismo. Já quase não se respeita mais nada. A mídia politiqueira, então, de um modo geral, considera a verdade um simples adereço da notícia.

Se caísse do céu uma Polícia justiceira, metia num só laço gente dos três poderes, mais alguns do MP. Quem nega?

Leia o Bayma aquiPedi a um amigo que degravasse a entrevista do desembargador para publicá-la aqui na íntegra. E comentá-la depois, sem esses nhenhenhéns da OAB, da Associação dos Magistrados e da Associação do Ministério Público. Com toda a franqueza que a lei e a elegância permitam. Aguarde, por favor.

Walter Rodrigues 10:56


Crise e transe no Judiciário do Maranhão

Nenhum diário de São Luís registrou corretamente o que se passou na sessão de ontem do TJ-MA (Tribunal de Justiça do Maranhão). Foi mais chocante do que se lê nas edições de hoje de O Estado do Maranhão e O Imparcial, cada qual interessado em destacar apenas o que lhe convém. Ademais, uma parte do que ocorreu não convinha a nenhum dos dois.

Tudo começou quando o TJ elegeu por sorteio os juízes de 1o entrância que vão atuar como “desembagadores interinos” — o nome oficial é juízes convocados —, nos impedimentos temporários dos titulares, por férias, licença etc. Vigente em outros tribunais, esse tipo de substituição estava em desuso no Maranhão, onde os desembargadores são muito ciosos de sua exclusividade. Foi reativado por recomendação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

O barulho resultou do anúncio de que os juízes José de Arimathéia e Luiz Gonzaga estavam entre os sorteados. Com a autoridade de desembargador decano (mais antigo no cargo), Bayma Araújo contestou, citando que ambos os juízes estão envolvidos em denúncias de corrupção.

“Eu não aceito esses dois”, disse Bayma, obtendo o apoio imediato de outros desembargadores, especialmente de José Joaquim Figueiredo dos Anjos, que se manifestou em termos enfáticos. O sorteio foi anulado por unanimidade e o corregedor Jamil Gedeon declarou que “finalmente” tinha elementos para mandar apurar as denúncias.

Folhas corridas

Arimathéia é um velho conhecido da imprensa independente. O arquivo do Colunão registra a facilidade com que despacha e sentencia fora dos confins da lei. Quando juiz em Caxias, foi acusado pelo vereador Antônio Albuquerque Catulé de receber dinheiro “dentro de um saco de pão”. Segundo Catulé, o proprio grupo do vereador subornara o magistrado.

O detalhe é que Catulé fez a acusação — na presença, entre outros, do desembargador Antônio Medeiros, hoje aposentado — ao reclamar que Arimathéia tinha aderido ao “outro lado”. Que não era certamente o da Justiça, mas sim o do então prefeito Paulo Marinho, adiante cassado por corrupção.

Na chamada CPI do Narcotráfico (Câmara dos Deputados, final dos anos 1990), apontaram-no como emissor de alvarás que facilitavam o transporte de veiculos e cargas roubadas para fora do Maranhão. Foi denunciado pelo Ministério Público Federal mas ficou por isso mesmo.

Vamos depois encontrá-lo liberando irregularmente um dinheiro de origem suspeita (escândalo do Detran, 1992), havia anos bloqueado por outro juízo. Arimathéia substituía por uns poucos dias uma colega de licença na Vara das Execuções Penais, quando decidiu invadir um processo de vara cível e desbloquear liminarmente o numemário, sem nem mesmo aguardar pelo parecer solicitado ao Ministério Público.

Mudando de assunto, recentemente ele comprou à vista um carro novo na Euromar (Volkswagen), pagando em dinheiro. Está no seu direito. Que lei exige que o pagamento seja em cartão ou cheque?

Cliente furioso

Luiz Gonzaga, juiz do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) tem também muitas histórias, entre as quais uma famosa liminar em habeas corpus que liberou assaltantes de uma agência do Banco do Estado do Maranhão nos anos 90 (havia um juiz envolvido no roubo). Mas nada é tão grave, para efeito de escândalo público, quanto o que lhe teria ocorrido recentemente.

Na semana retrasada, próximo da virada do Ano Novo, Gonzaga teve o azar de ser interpelado no TRE pelo então prefeito de Chapadinha, Magno Bacellar (DEM). Que disse mais ou menos o seguinte:

— Seu tratante! Como é que você recebe meu dinheiro garantindo que o caso está resolvido e agora o tribunal manda empossar meu adversário? Devolve o meu dinheiro!

Já parecia a ponto de bater no juiz quando interveio o procurador regional eleitoral José Leite:— Ele tem razão. Devolve o dinheiro! Devolve!

Não se sabe quanto foi, nem há provas de que devolveu, tudo indicando que não. É provável também que o procurador José Leite não demore mais que alguns dias para tomar as iniciativas que o caso requer.

O episódio é narrado por diversas fontes, tanto no TRE quanto no TJ. Uma variante da mesma história diz que o reclamante foi o ex-prefeito de Chapadinha Isaías Fortes.

Bayma e outros desembagadores falam do caso em conversas reservadas e até em público. Nos jornais que o mencionam, poupa-se o nome do juiz, mas pouco importa. Basta saber o mínimo para identificar Gonzaga.

A eleição em Chapadinha opôs os grupos tradicionais do prefeito Magno Bacellar ao do ex-prefeito Isaías Fortes (PP). Magno apoiou a candidata Danúbia Loiane Almeida Carneiro (PR), segunda colocada no pleito, que acabou assumindo depois que o TSE indeferiu o registro do primeiro, Isaías Fortes. Sem registro, seus votos foram anulados.

Intentonas

Outras tentativas suspeitas abortadas pela intervenção de desembargadores foram citadas na sessão de ontem do TJ.

Perto do Ano-Novo, Bayma cassou a liminar com que o juiz Megbel Abdalla pretendia transferir R$ 6 milhões da conta da Prefeitura de São Luís para a de uma firma particular. Noutros casos, intervieram os desembargadores Figueiredo dos Anjos, Mário Lima Reis e Paulo Velten. São citados os juízes Abraham Lincoln Sauaia e Luiz Carlos Nunes Freire.

Insegurança

Além de lavar algumas peças da roupa suja do Judiciário, o TJ tratou também dos episódios de violência protagonizados no interior por correligionários do governador Jackson Lago (PDT).

Neste ponto, o Estado do Maranhão empolgou-se: “Justiça denuncia conivência da Segurança com vandalismo”, diz a manchete do jornal da família Sarney, adversário da família Lago. (O Imparcial preferiu destacar que “TJ aprova apuração de denúncias contra juízes”, porque assim deseja o Governo do Estado).

Realmente é muito agrave que a Segurança esteja “conivente” com o incêndio do Fórum de Santa Luzia e outros desmandos políticos coletivos. Ainda mais que há indícios concretos apoiando a suspeição.

Acontece que o Judiciário — TJ, TRE, Associação dos Magistrados etc —, bem como os órgãos do Ministério Público e a OAB — ainda reluta em encarar a realidade de que o incentivo à violência parte direta e explicitamente do governador Jackson Lago e do comandante da Polícia Militar, coronel Francisco Melo. Neste assunto, quem menos manda é a secretária de Segurança Cidadã, Eurídice Vidigal.

As chocantes declarações do governador de simpatia por incendiários e outros vândalos são respondidas de forma eliptica e receiosa pela cúpula do Judiciário. Nenhum documento cita o nome do governador ou contesta diretamente suas atitudes.

Desse modo, corre-se o risco de que a própria investida contra juízes acusados de corrupção seja interpretada menos como um despertar tardio (não é de hoje que se fala mal desses magistrados) e mais como um jeito de acalmar os rugidos do Palácio dos Leões.

Em causa própria

Denunciado por corrupção e quadrilha pela Procuradoria Geral da República, enquanto no Maranhão seus secretários fazem o que querem sem ser molestados, Jackson está muito longe de pontificar como adversário da corrupção.

Quer é pô-la sob controle — dele e respectiva camarilha. Tampouco está disposto a respeitar o trabalho de juízes e promotores sérios, como demonstra o caso exemplar de Santa Luzia.

Se o Judiciário não engrossa a voz, nem dá consequência ao discurso da legalidade, nada, salvo uma intervenção federal, deterá o Executivo maranhense no rumo de uma ditadura de fato, que por enquanto vai prevalecendo.-------Revisado com correções às 20hs.

Walter Rodrigues 17:13


Estando presentes assim, conforme entende esta entidade, os requisitos necessários para atuação dessa instituição, requer que sejam procedidas às apurações cabíveis a fim de possibilitar, se for o caso, a aplicação de eventuais sanções administrativas, penais e civis aos implicados.

N. Termos,
P. Deferimento.

São Luís(MA), 12 de janeiro de 2009.


José Caldas Gois
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção do Maranhão"

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Entrevista de Bayma na Mirante AM? Só no Ricardo Santos!

A enquete colocada aos leitores/as do Ecos das Lutas (veja ao lado) já estava com o faro de que essa discussão sobre a atuação do judiciário maranhense nas eleições de 2008 ida dar muito o que falar.
A entrevista do Desembargador Bayma Araújo na Mirante AM acendeu o estopim de um debate que estava latente e completamente ofuscado pela mídia oligárquica.
A representação da seção Maranhão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MA) junto à Procuradoria da República no Maranhão, Corregedoria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Presidência e Corregedoria do Tribunal de Justiça do Maranhão, Polícia Federal e Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) fatalmente levará o debate aos Parlamentos e mídia nacional. E mais: o manterá em pauta na sociedade.
E não adiantará censura, como a feita ao blogue do Colunão - editado pelo jornalista Walter Rodrigues -, ao qual Ecos das Lutas, tomando Voltaire, registra: posso até não concordar com uma única palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-la...
Muito menos adiantará censura ou auto-censura nos blogues, programas de rádios e telejornais do Sistema Mirante: a polêmica está nas ruas e crescerá!
E tudo isso a partir de uma entrevista na Mirante AM que não deu tempo de ser interceptada (que inferno astral!!), onde é um DESEMBARGADOR quem diz: "nesta eleição, teve juízes vendendo decisões: público e notório, corre de boca em boca!".
E, num trabalho bem feito, o Blogue do Ricardo Santos solta na rede mundial de computadores o áudio do que, sem dúvida, já é a notícia do ano de 2008, que mal começou...
No link abaixo é possível acessar o blogue de Ricardo Santos no Jornal Pequeno e o áudio da entrevista com o Desembargador Bayma Araújo, feita pelo jornalista Décio Sá no programa apresentado por Marcial Lima. Parabéns Ricardo Santos! Ouça você mesmo em puro e bom som: "nesta eleição, teve juízes vendendo decisões"!!

"Pensar globalmente. Agir localmente"

Ecos das Lutas repercute dois excelentes artigos: um de Bernardo Kucinski, outro de Haroldo Saboia.

Kucinski escreve sobre a situação internacional e as opções de Barack Obama, na Carta Capital. "Essa ambigüidade chamada Barack Obama" é um texto do jornalista e professor da USP sobre o que nos espera na economia mundial. Já o artigo "Uma nova orquestração", publicado no Jornal Pequeno, é uma perspicaz observação de Haroldo Saboia sobre os movimentos da velha raposa oligárquica.

Nestes tempos de crises (econômica e de hegemonia), e de proximidade do Fórum Social Mundial onde "pensar globalmente, (é) agir localmente", nada como unir estas duas reflexões.





UMA NOVA ORQUESTRAÇÃO
Haroldo Saboia(*)


Foto: Saboia apresenta a Thiago de Mello livro de Emílio Azevedo,
"O caso do Convento das Mercês"



Fico cada vez mais impressionado com a facilidade com que o Sistema Mirante consegue envolver parcelas de lideranças maranhenses em sua nova e clara manobra de superdimensionar episódios como o de Santa Luzia do Tide e de Barreirinhas.

Aqueles que, ano após ano, nos oferecem o espetáculo olímpico da disputa entre a morosidade e a omissão, de repente reclamam, das mais diversas autoridades do país, enérgicas e céleres providências (de garantia da ordem) que, a rigor, deveriam antes solicitar às autoridades estaduais.

Tudo no momento em que o Sr. José Sarney surge como maestro de uma nova orquestração.
Incansável na disputa pelo poder, Sarney é como um verdadeiro serial killer tal a metódica, minuciosa, paciente, maneira com que prepara sua próxima e repetida ação.
Frio em suas análises, o que o inquieta não é o pedido de vista que adiou o julgamento do Recurso contra a Diplomação do Governador Jackson Lago e seu vice. E sim o fato que a defesa do governador eleito, conduzida pelo professor Francisco Rezek, desconstruiu toda a trapaça que armara na petição inicial.

Rezek, com autoridade, colocou os pingos nos is: ao exigir que o Vice-Procurador Geral Eleitoral, Francisco Xavier Pinheiro, desempenhasse o seu papel respeitando os limites impostos pela Constituição ao Ministério Publico; e ao alertar o Tribunal para o cerne da questão - mera vindita política de um notável da Republica inconformado coma derrota de sua filha em seu Estado de origem.

Constrangido o Ministro Eros Grau, do Supremo, leu seu relatório sem nenhum elemento de convicção e sem esforço de convencimento de seus pares. (Como convencer sem convicção?)
Isto deve ter levado Sarney a entender que não há como mudar o ambiente fixado naquela primeira sessão; que é dificílimo, ou impossível, reconstruir, recompor a frágil peça de acusação desmontada por Rezek.

Dai o seu comportamento obsessivo, febril, ao tentar criar, a cada dia, novos e novos fatos e factóides buscando fragilizar o governador Jackson Lago.

Sarney age como se seu objetivo já não fosse ganhar no TSE, e sim criar um clima favorável a uma hipotética intervenção federal no Maranhão.

Como se dispusesse de força política para tanto. Coisa que não possui. Todos sabemos que não há intervenção federal sem prévia autorização da Assembléia Legislativa.

Quer dar uma dimensão que os fatos ocorridos no interior maranhense absolutamente não têm.


Quer generalizar o clima de violência presente em dois ou três - vejam só - do total de 217 municípios do Estado.

Busca jogar o Poder Judiciário contra o governador eleito através das manobras as mais pueris.
Articula uma seqüência de declarações e entrevistas em defesa da ordem pública nos moldes das velhas cartilhas da extrema direita, no tempo da guerra fria, ao preparar os golpes de estado; ou das nossas oligarquias atiçando - como fez Sarney tantas vezes - a cassação de seus adversários locais durante a ditadura militar.

Assim, para montar um novo cenário, Sarney ataca por outro flanco,colocando a Mirante para explorar, à exaustão, as imagens de Santa Luzia do Tide e Barreirinhas.

Logo Barreirinhas e Santa Luzia. O primeiro onde o candidato derrotado Albérico Filho, ex-deputado estadual e federal, é irmão de um ex-prefeito da cidade, Anselmo Ferreira, também ex-deputado, e os dois primos legítimos de José Sarney (o pai deles, também ex-deputado, - quanto deputado! - é tio do velho coronel).

Já Santa Luzia é antigo palco dos maiores conflitos agrários do nosso Estado. O mais notável deles o da Fazenda Maguary, gleba da qual o próprio Sarney "comprou" seiscentos e tentou cercar seis mil hectares de terras. O governador Nunes Freire, corajoso e honrado proprietário rural conservador, impediu que Sarney efetivasse a grilagem da área.

O Sistema Mirante quer passar a idéia de que esses conflitos são de responsabilidade pessoal do governador Jackson Lago. A realidade local, as velhas e muitas das vezes acirradas disputas municipais, a debilidade estrutural do sistema de segurança do Estado, a ineficiência e a morosidade do Judiciário e do Ministério Público, não são de modo algum estudadas ou consideradas.

É que Sarney tenta - a um só tempo - isolar Jackson do conjunto da sociedade e até de seus aliados. Observemos, por exemplo, que o Sistema Mirante não ataca, não faz oposição, e em muitos casos chega até mesmo a bajular prefeitos eleitos aliados da vitoriosa Frente de Libertação. O jogo é conhecido.

Antes Sarney - tal uma serpente - tentava encantar Jackson para capturá-lo à condição que rompesse com seus aliados. Agora busca seduzir as lideranças da Frente de Libertação, vencedoras das disputas municipais, desde que abandonem Jackson.

Começa a faltar imaginação ao velho coronel... Mas ainda lhe resta muito poder, o que exige de todos atenção a cada movimento da antiga Oligarquia.

A defesa da vontade popular, reafirmada nas urnas em 2008, há que ser feita não como ato de bravura pessoal, e sim como expressão de uma vontade coletiva. Vontade de mudar, mudar as condições de vida dos maranhenses; vontade de mudar a política, transformando em coisa do passado os métodos e a ética da oligarquia derrotada.


(*) Haroldo Saboia, 58 anos, economista, advogado, Constituinte de 1988. E-mail: haroldosaboia@hotmail.com






ESSA AMBIGUIDADE CHAMADA BARACK OBAMA
Bernardo Kucinski

Bernardo Kucinski analisa opções de Obama



Obama escolheu pesos pesados do pensamento imperial americano para tirar os Estados Unidos de sua maior crise desde a depressão dos anos 30. Entre eles, o general veterano da guerra-fria James Jones, ex-comandante da OTAN, e os dois principais formuladores da estratégia americana de dominação financeira: Lawrence Summers, que foi Secretário do Tesouro de Clinton e economista chefe do Banco Mundial, e Paul Volcker, que presidiu por oito anos o banco central americano, o FED.


Outro peso–pesado, o ex-almirante Denis Blair, ex-comandante da frota do Pacífico, é o novo Diretor Nacional de Inteligência, cargo criado depois do fiasco das "armas de destruição em massa do Iraque" para coordenar todas as agências de inteligência dos Estados Unidos. Obama ainda manteve como secretário de Defesa o ex-diretor da CIA e defensor entusiasta da invasão do Iraque, general Robert Graves. E para o posto chave de Secretário do Tesouro, chamou o mesmo Timothy Geithner que como dirigente do FED de Nova York permitiu que Wall Street virasse o cassino que virou. Foi ainda Geithner quem aconselhou Bush a socorrer diretamente os bancos, quando a banca quebrou.


O único peso-leve da nova equipe é Leon Panetta, que vai dirigir a CIA, um entendido em orçamento, não em espionagem global. Mas Panetta foi chefe de gabinete do presidente Clinton, portanto experiente nas questões do poder mundial. O preferido de Obama era John Brennan, o homem que dirigiu o Centro Nacional de Luta contra o Terror do governo Bush, inventor dos métodos de interrogatório de Guantânamo e Abu Ghraib. Só que a mera menção a Brennan provocou calafrios no comitê Obama e o nome foi retirado.


Obama alegou a seus eleitores decepcionados que escolheu os melhores, os mais brilhantes. A mudança, assegurou Obama, viria dele, de sua orientação. Mas foi infeliz nessa explicação. A cruel mídia americana logo lembrou o título "Os melhores e os mais brilhantes", da principal radiografia do governo Kennedy, escrita por David Halberstam (1), tão impactante que a expressão incorporou-se ao jargão político americano, como ironia sobre jovens brilhantes que conseguem produzir apenas fiascos, como o da invasão da Bahia de los Cochinos.


Competência não é um atributo neutro. Que tipo de conselhos se pode esperar dessas velhos comandantes da guerra fria e do sistema financeiro? Chomsky , embora considerando a vitória de Obama um marco na história da democracia americana, diz que essas nomeações mostram que por trás de seu "discurso altivo", o novo presidente não passa de um típico centrista do Partido Democrata. André Muretta, do New York Times, lembra, por exemplo, que Obama tem um "histórico dúbio" na questão da luta contra o terror. Numa ocasião votou contra os grampos telefônicos, mas em outra mais recente, no Senado, votou a favor.


E o que pensa Obama da economia? Obama lecionou Legislação durante dez anos na Universidade de Chicago, o bunker do neo–liberalismo. Filia-se à escola de economia chamada de "behaviorista" ou seja comportamental, uma dissidência do neo-liberalismo.


Os behavioristas confiam, como os neo-liberais, na superioridade do mercado e da livre iniciativa, mas não acham que os mercados sempre tendem ao equilíbrio ou que as decisões de pessoas e empresários sejam sempre racionais. Coisa parecida diz agora George Soros, para quem "a crise do sistema financeiro foi gerada dentro dele mesmo por um defeito a ele inerente". (2)


Essa discordância não impede que Obama se encaixe com perfeição num sistema político em que o liberalismo é a cultura dominante e o aparelho de Estado é montado por uma lógica de interesses de mercado. Nesse sistema o secretário do Comércio é sempre ligado a grandes empresas, o secretário do Tesouro é sempre o homem dos bancos, e assim por diante. Obama seguiu o figurino.


Mas com uma diferença crucial: ao nuclear seu gabinete em torno dos estrategistas do poderio mundial americano, Obama indica que é nessa esfera que vai ser tentada a saída para a crise doméstica. Essa é a grande diferença entre os Estados Unidos da depressão dos anos 30, quando ainda não eram a potencia hegemônica, e os Estados Unidos de hoje. (3) Apesar de restaurar quase por completo a era Clinton, Obama cooptou republicanos emblemáticos, montando um governo que a mídia americana chama de "non-partisan", ou supra-partidário, outro traço de governos que priorizam a políticas externa. Não por caso, ao revelar os primeiros nomes de seus núcleo duro, Obama disse: "Vamos reforçar nossa capacidade de derrotar nossos inimigos e de apoiar nossos amigos. Vamos renovar alianças antigas e forjar novas e duradouras parceria." Nesse gabinete de crise, a sorridente Hillary Clinton, na chefia do Departamento de Estado, o mais importante cargo na hierarquia de comando do Império americano, deverá ser apenas a "garota propaganda" do novo governo.


É cortina de fumaça a promessa de Obama de criar 3 milhões de empregos até 2011, investindo em infra-estrutura e modernização de escolas. Economistas americanos calculam que para isso seria preciso inverter a curva de desempenho da economia americana do atual encolhimento atual de cerca de 2,2% ano, para um crescimento de 3.5% ao ano. Só no que vem, prevê o Escritório de Orçamento do Congresso, o PIB deverá voltar a crescer e mesmo assim apenas 1,5% . A esse ritmo lento de recuperação,o desemprego continuará aumentando, devendo atingir 9,6% da força de trabalho em 2010.


Só no ano passado foram eliminados 2,5 milhões de empregos. Mais de 1 milhão foram cortados só nos meses de novembro e dezembro. Ou seja, a crise está ainda na fase de aprofundamento. Martin Wolf, do Financial Times, diz que para impedir que o desemprego de aumente ainda mais, o pacote de Obama, equivalente a 5,3% do PIB, teria que dobar.

Passado o primeiro susto, muitos economistas já tratam o que está acontecendo como uma recessão cíclica, embora atípica e muito mais severa que a maioria das anteriores, devendo durar entre 18 e 21 meses. Dados corrigidos do desempenho da economia americana mostram que a recessão começou em fins de 2007. Ou seja, foi a recessão que derrubou o castelo de cartas das hipotecas sem garantia, dos derivativos de papel e dos esquemas Ponzi do cassino em 2008 e não o contrário.


Nas economias de mercado, crises desse tipo são tão recorrentes quanto as gripes e se curam da esma forma, por exaustão, como se purgam as gripes. Ao contrário do que Obama hoje promete, os remédios clássicos do sistema são o próprio desemprego, pressionando para baixo o custo da força de trabalho e destruindo empresas menos eficientes. Isso só se consegue com recessão. Portanto, ou Obama está enganado ou está enganando.


Mas nem a recessão e nem a derrocada dos grandes bancos de Wall Street, embora enfraquecendo o poderio americano, alteram o fato básico de que os EUA ainda detém a supremacia militar, tecnológica e cultural e o maior poder de compra do mundo capitalista, como diz Rubens Ricupero dando o exemplo da frota naval americana, maior do que a soma das outras 13 maiores frotas navais do mundo. (4)


Da percepção desse poderio surge o paradoxo pelo qual poupança de todo o mundo em vez de fugir do dólar, nele buscou proteção, quando mais a crise se agravou, e apesar do histórico de calotes do Tesouro americano.


Esse é o paradoxo de que vai se valer Paul Volcker, chamado por Obama para dirigir o importante Comitê para Recuperação da Economia, como se valeu das duas vezes antes. Para salvar o dólar da crise provocada pelos gastos excessivos da Guerra do Vietnam, Volcker propôs a Nixon em 1971 renegar a garantia em ouro dos dólares mantidos por bancos centrais, o que levou ao sepultamento do tratado de Bretton Woods e permitiu ao tesouro americano imprimir dólares sem lastro (5). Três anos antes, o governo americano já havia abolido essa garantia para detentores privados de dólares. O fim de Bretton Woods, sem que nada de mesmo porte fosse colocado no seu lugar, deu início à desordem cambial e monetária que nos levou à tragédia financeira de hoje.


Volcker atacou de novo em 1979, quando a economia americana se viu ameaçada pela a estagflação - uma combinação de inflação alta e crescimento baixo provocada pela alta do petróleo. Numa reunião de emergência do FED convocada num fim de semana, e sem consultar nenhum governo ou entidades como o FMI, Volcker baixou um arrocho monetário tal que a taxa de juros principal dos Estados Unidos, o prime rate, saltou de 9% para 12% e depois para 14% e batendo em 20% em maio do ano seguinte.


Naquele momento, a América Latina havia acumulado aproximadamente US$ 180 bilhões em dívidas atreladas ao dólar com cláusulas de juros flutuantes. Parte indexada ao Prime, parte indexada ao Libor, que seguia o Prime de perto. Dívidas contraídas quando o juro estava entre 4% e 6% ao ano e que agora teriam que ser remuneradas a um juro cinco vezes maior.

Em janeiro de 1981 o prime chegou ao espantoso nível de 21,5%. A conta de juros do México mais do que quadruplicou, de US$ 2,3 bilhões em 1979 para US$ 9,8 bilhões em 1982. Foi o primeiro a quebrar, em setembro. Seguiu-se o Brasil, cuja conta de juros mais que dobrou de US$ 4,5 bilhões para 11,9. E assim foram quebrando todos os países periféricos da área do dólar, um após o outro.


Durou seis anos essa política econômica conhecida como reaganomics. Nesses seis anos a América Latina pagou US$ 209,7 bilhões de juros da divida externa, e mesmo assim o principal da dívida em vez de diminuir aumentou, chegando a US$ 368 bilhões.


Quebraram países e quebraram empresas, pois poucas conseguem gerar um lucro superior a essa taxa de juros. Nos Estados Unidos, grandes empresas estavam protegidas por uma legislação que permitia descontar os juros pagos do imposto de renda devido. Mesmo assim milhares de pequenos agricultores americanos foram à ruína.


Paul Volcker pode não ter tido a intenção de quebrar a América Latina, mas sabia com certeza dos efeitos catastróficos dos juros anômalos sobre a dívida latino-americana porque antes de presidir o FED havia sido sub-secretário do Tesouro para finanças internacionais durante cinco anos – de 1974 a 1979. Sua função principal nesse período era exatamente a de acompanhar os níveis de endividamento dos bancos americanos, principais credores da dívida latino-americana.

O que Volcker e seu comitê poderiam tirar do bolso do colete desta vez? Poderiam desvalorizar fortemente o dólar, incentivando as exportações americanas, impor novas barreiras protecionistas contra produtos estrangeiros e poderiam pressionar para que países periféricos abram mais seus mercados a produtos americanos. O mais provável é que façam tudo isso ao mesmo tempo e com o máximo de pressão possível.


Obama já havia anunciado na campanha que "renegociaria tratados de comércio para incluir mais cláusulas de proteção aos trabalhadores e ao meio ambiente." Leia-se protecionismo disfarçado em selo verde.


Ao apresentar o ex-prefeito de Dallas, Ron Kirk, como novo representante comercial dos Estados Unidos, o homem que vai negociar ou renegociar acordos de tarifas, Obama reafirmou, "Kirk irá garantir que cada acordo comercial que eu assinar proteja os direitos de todos trabalhadores e promova os interesses de todos os americanos..."


E nem pensem que Kirk tenha se notabilizado na defesa desses direitos dentro dos Estados Unidos. Ao contrário, ele é membro da diretoria do grupo de restaurantes Brinker, um dos maiores financiadores de campanhas contrárias aos direitos trabalhistas nos Estados Unidos.

Embora a maioria dos economistas não goste do aumento do protecionismo, alguns consideram inevitável um surto protecionista. O protecionismo tem a desvantagem de prolongar a vida de empresas e setores não competitivos ou pouco eficientes, o que vai contra a necessidade de purgar a crise com aumento de eficiência e redução de custos.


Kirk não é peixe pequeno. Foi o primeiro prefeito negro de Dallas, notabilizando-se pela ousadia de seus projetos urbanos. Depois, virou um lobista de prestígio. Peso pesado. Fez lobby para grandes empresas, entre as quais Energy Futures Holding e o banco de investimentos Merrill Lynch - esse mesmo que quebrou.


Mais fácil de impor e de efeito maior é a desvalorização do dólar, que também criaria mais empregos nos Estados Unidos, impulsionando exportações e encarecendo as importações. Por esse mecanismo o valor dos salários dos americanos em outras moedas cairia automaticamente, o que está em linha com a necessidade de purgar a recessão através da redução do custo da mão obra e aumento da produtividade.


A desvalorização tem também a enorme vantagem de dar um calote disfarçado na gigantesca dívida americana de 4 trilhões de dólares. Será esse o mico que Volcker tentará passar para o resto do mundo? Alguns analistas americanos dizem que ele já está estudando com o FED uma política de estimulo à inflação. Maior inflação nos Estados Unidos do que no resto do mundo é o primeiro passo para desvalorizar o dólar.


Os chineses, que aplicaram 1,2 trilhões de dólares em títulos do governo americano, já desconfiam de um calote: "Esperamos que Washington tome as medidas de segurança necessárias à garantia do patrimônio dos investimentos chineses nos EUA", cobrou neste dezembro Zhou Xiaochuan, o presidente do Banco Central da China. (6)


A probabilidade de calote é alta. Os próprios credores podem provocá-lo, se entrarem em pânico com o brutal aumento da dívida publica americana para financiar o pacote de US$ 700 bilhões de Obama. O déficit fiscal do governo americano deve triplicar dos 455 bilhões no balanço encerrados em setembro último para mais de 1,2 trilhão em setembro próximo. Se os detentores dos títulos americanos começaram a deles se desfazer em ritmo muito veloz, a cotação do dólar desabará e a profecia do calote de auto-realizará, mesmo sem Volcker mexer uma palha. (*)


Uma versão resumida desta análise escrita antes de completada a equipe de Obama está na edição de janeiro da Revista do Brasil.

NOTAS
(1) The Berst and the brightest. Halberstam, David. Fawcett, 1973.
(2) The Crisis & What to do about it. The New York Review of Books. Vol 55, N. 19, Dezembro 2008.
(3) Mesmo assim só depois de entrar na Segunda Grande Guerra, os Estados Unidos saíram da depressão, pouco tendo adiantado o New Deal e Roosevelt. Conf. entrevista de Paul Sweezy ao autor.
(4) FSP, 08/12/08.
(5) Pelo tratado de Bretton Woods, o Tesouro americano se comprometia a entregar a cada detentor de um dólar 0,7108 gramas de ouro ( 35 dólares por onça)...
(6) Seg. FSP, 05/12/08.