quinta-feira, 29 de março de 2012

Artigo - Wagner Baldez: UMA FARSA BEM MONTADA

Wagner Baldez (*)

Francamente, qualquer pessoa de senso acurado, considera uma brutal afronta, não só à sociedade, mas, sobretudo, aos próprios membros do Legislativo Estadual, a frase colocada em uma das paredes do Plenário da Casa: “NÃO HÁ DEMOCRACIA SEM PARLAMENTO LIVRE”
Citada advertência decorre do fato de ser a mencionada frase de autoria do senador Sarney, figura que não possui a mais remota legitimidade para produzir obra de cunho cívico e postulação de caráter democrático, já que ocupou a Presidência do Partido da Ditadura Militar, o suficiente para que repudiemos tamanha insensatez e escandaloso paradoxo!
Retirar do recinto citado fraseado, que não passa, aliás, de nebulosa retórica de fumaça ou estrumeira verbal, é um dever moral dos parlamentares. Entretanto, torna-se difícil acreditar que venha tal decisão materializar-se, devido à ampla maioria dos Deputados, com assento naquela Casa, pertencer ao quadro dos áulicos que devem obediência à Governadora.
Também não compreendemos o porquê de tais representantes, embora conhecedores da maneira injusta e implacável como os militares tratavam o Parlamento, continuarem a manter uma convivência amistosa com a mencionada inscrição oriunda de um dos agentes da Ditadura. É negociar a própria dignidade!
Ao adentrar naquele Salão, tanto o visitante local como o turista, ambos por conhecerem a triste e vergonhosa história política do Senador, sentem-se surpreendidos e ao mesmo tempo agredidos por não acreditarem no que vêem: uma descarada e cínica encenação ou pilheria de mau gosto.
A verdade é que essa situação só persiste não por motivo dos deputados acreditarem no valor que possa a frase despertar, mas tão somente com a pretensão de bajular o produtor da expressão, em face do poder que ele exerce na política nacional. Não há outra explicação a referendar.
É como me dizia um sertanejo de Barra do Corda, numa admirável e bem ajustada comparação ao assunto presentemente aventado: “Senhor Wagner, saiba o companheiro que jumento carregado de açúcar até o “C” é doce”.
Realmente, o que não falta para exaltar as “qualidades” de quem dispõe de amplos poderes (embora reconheçam no senador os mais graves defeitos), são os LAMBE-PÉS, assim comportando-se com a exclusiva finalidade de tirar proveito da indigesta situação.
Acredite o Senador que pretender imortalizar uma glória que supunha ter alcançado, é pura ilusão, ou não passa de completa alogia; o que pode, inclusive, levá-lo ao ridículo “A palavra pode convencer, mas é o exemplo que arrebata multidões”, como bem dizia Francisco de Assis.
Portanto, já que você nunca criou as devidas condições para receber merecida consagração, o futuro, por certo, reservará à sua pessoa o indispensável e tão estigmatizado ANONIMATO.


(*) Wagner Baldez é funcionário público aposentado e membro da Executiva Estadual do PSOL/MA

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